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segunda-feira, 18 de março de 2013

VI Congresso Estadual do Sintrajufe - dias 24 e 25 de novembro de 2012, Porto Alegre

Nos dias 24 e 25 de novembro de 2012, no Hotel Embaixador, em Porto Alegre, ocorreu o VI Congresso Estadual do Sintrajufe/RS, agregando os servidores e servidoras das Justiças Federal, do Trabalho, Eleitoral e Militar no estado.

Não foi fácil aglutinar a categoria no período que antecedia o final do ano e houve muitos delegados e delegadas que, mesmo após terem sido escolhidos nos seus setores de trabalho, não puderam se deslocar até a capital.
Desta forma, a direção do sindicato, após ponderações e reuniões com grupos políticos que formam a base da categoria do judiciário, optou por submeter ao Plenário o adiamento da eleição de delegados e delegadas ao 8º Congrejufe. Com o quorum existente no Congresso Estadual, a categoria perderia de eleger 13 delegados ao congresso eleitoral da federação, o que não seria justo com a representatividade do sindicato do RS no cenário nacional.

Também foi levado à mesa de organização a possibilidade de vir a ser discutida judicialmente a eleição dos delegados no Congresso, em razão de aditamento ao Edital de convocação publicado em jornal de grande circulação e os prazos estatutários do Sintrajufe.
Assim, apesar de algumas manifestações contrárias, no calor do momento, a decisão da categoria presente no Congresso Estadual foi a de adiamento para assembléia geral em março de 2013, prazo final estabelecido pela FENAJUFE para a eleição dos(as) delegados(as).

Mesmo assim, a semana foi de muito trabalho para os funcionários e direção do sindicato: houve o Encontro do Núcleo de Aposentados e o I Encontro Estadual de Saúde da categoria, nos dois dias que antecederam o Congresso Estadual.

O Encontro Estadual de Saúde foi um grande marco na história do Sindicato, pois foi o momento em que se apresentou à categoria a pesquisa geral entre servidores do RS, a única pesquisa séria com dados concretos colhidos junto à categoria do JUDICIÁRIO FEDERAL no contexto laboral do processo eletrônico como ferramenta de trabalho.


Apresentação da tese do Coletivo Viva Voz, com Thomaz, Mara e Silvana, da direção do Sintrajufe/RS.
Foto: Cristina Lemos
 Após os debates relacionados à Conjuntura e à carreira, houve o painel acerca da Previdência Complementar e suas regras de funcionamento, ainda muito nebulosas para entendimento, mas com data para início na vida dos servidores.




















Ao final do Congresso Estadual, a categoria ainda pode se aproximar dos conhecimentos adquiridos na Cultura Popular que pulsa no Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo, e que funciona no imóvel cedido pela categoria ao Ponto de Cultura e telecentro, na Capivari, Zona Sul de Porto Alegre.
Após contar rapidamente a história do ponto e das diversos projetos que ali vem tomando forma, com a participação da comunidade do Cristal, houve um momento muito tocante, com o som do instrumento "sopapo" e considerações sobre a sua origem, no seio da cultura africana e gaúcha.

Resgatando no Blog o I Encontro de Saúde do Sintrajufe/RS, em novembro/2012

O painel “As transformações do mundo do trabalho” ocorreu na parte da manhã do dia 23, no I Encontro de Saúde dos Trabalhadores do Judiciário Federal do RS, promovido pelo sindicato. Com mediação da diretora Silvana Klein, contou com a participação da professora do Departamento de Psicologia da UFPR e doutora em Medicina Preventiva Lis Andréa Sobol e do professor da Ufrgs e doutor em Economia Aplicada Cássio Calvete.

Lis disse que o sistema de produção capitalista atual não está só no trabalho, mas na vida das pessoas. “A aceleração performátcia está na vida hoje. As pessoas fazem mais rápido o que têm de fazer e o fazem porque têm mais coisas a fazer no mesmo tempo que tinham antes”, explica.

Outra característica do mundo do trabalho é a polivalência, o fazer várias coisas, a descartabilidade do outro. A ênfase, afirma a pesquisadora, está nos resultados de curto prazo. A quantofrenia também foi elencada por Lis Sobol; seria, de maneira simplificada, o sentido de que tudo precisa ser medido. Encaixa-se aí a superação de metas e o estabelecimento, sempre, de novas metas.

O aspecto saúde, nesse sistema, só é pensado quando prejudica o trabalho (adoecimento do trabalhador) ou do ponto de visto estético.


Painel tarde - Foto: Cristina Lemos
Essas novas relações de trabalho, mais individualizadas e com cobranças de produção, alicerçadas na tecnologia, geraram novas patologias: sobrecarga, solidão (“descompensamento”), violência (assédio moral), LER/Dort. O assédio moral é também uma estratégia de gestão, de acordo com Lis Sobol, “é uma forma de controle do trabalhador”. E é uma estratégia que se generaliza, banaliza e gera ainda mais individualização.

Para romper com esse quadro, diz a pesquisadora, o trabalhador precisa amar a si próprio e respeitar seus limites pessoais. Na opinião dela, essa lógica de individualização precisa ser rompida. “São os vínculos no trabalho que capacitam para o enfrentamento da visão que coloca o outro como competidor”, explica.

As lutas por redução de jornada e aumento de salário se confundem na história, aponta Cássio Calvete. Ele lembra duas datas importantes, o Dia do Trabalhador e o Dia Internacional da Mulher, que são geradas por essas lutas. Cerca de um século depois, esses temas estão na pauta. No Brasil, a redução da jornada foi retomada em 2001, 2003, como forma de reduzir o desemprego, o tempo e a intensidade de trabalho.

Para Calvete, a jornada extensa aumenta as doenças ocupacionais. Além disso, a sua distribuição em bancos de horas, trabalhos nos finais de semana, terceirizações, trabalho em casa são formas de explorar o trabalhador.

O pesquisador acredita que seja possível reduzir a jornada de trabalho no Brasil sem que isso signifique redução de salários. Na opinião dele, é preciso uma mudança de valores, usar a teconologia a favor, e não para aumentar a intensidade e a duração do trabalho, pois com a internet e o celular o trabalhador está à disposição em qualquer lugar, a qualquer hora.



Por Rosane Vargas, Sintrajufe/RS

Fonte: Sintrajufe www.sintrajufe.org.br