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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Mp e Governo Yeda dirigem a a mira sobre o MST: Ofensiva do Governo Estadual sobre a Escola Itinerante


A Escola Itinerante foi conquistada em 1996, depois de muitas lutas. Neste momento, estamos sofrendo um ataque por parte do Governo Yeda, que está determinado a fechar nossas escolas. As Escolas Itinerantes são as que funcionam dentro dos acampamentos, nas marchas, nas mobilizações, em toda parte onde há famílias Sem Terra.

Antes de 1996
Até 1996, havia escolas nos acampamentos, cada acampamento se organizava como dava, quem tinha segundo grau dava as aulas, cada acampamento tinha seu coletivo de educação, não havia nenhum tipo de ajuda de custo.
O problema é que as crianças estudavam, mas não havia reconhecimento legal destas aulas. Então, por exemplo, uma criança que estivesse na segunda série, mesmo estudando no acampamento, teria que ir a uma escola na cidade pra que o estudo tivesse validade.
E, quando as crianças do acampamento iam estudar na cidade, passavam por muito sofrimento, pois não tinham roupas, nem calçados, nem mochilas, nem materiais, que as crianças da cidade tinham, e muitas vezes, eram discriminadas pelos professores. Além disso, o ensino na cidade era mais fraco, porque não falava da realidade do acampamento, e as crianças não aprendiam a conviver e se organizar como sujeitos da história.

O que conquistamos com a Escola Itinerante, em 1996

Com a conquista da escola itinerante, as crianças podem estudar no acampamento, ou onde estiverem, e seu estudo é válido. Por exemplo, uma criança vai pro acampamento, e estava na segunda série quando chegou, vai continua na escola, na mesma série ou na seguinte, estudando, fazendo suas avaliações, aprendendo e ensinando, e quando for pro assentamento, não irá ficar “atrasada” na escola, mas estará na série que corresponde à sua idade.
Mas, a escola itinerante tem mais coisas importantes, além de fazer valer o estudo das crianças, dos adolescentes e dos adultos.
A nossa pedagogia cultiva vários momentos para o estudo e formação tantos dos estudantes quanto da comunidade. Para nós, o estudo deve ser importante para o crescimento humano, para compreender a política, entendendo a sociedade em que vivemos e como podemos transformá-la para melhor. É uma pedagogia libertadora, que trabalha a partir do sujeito que vive no acampamento.

Nossa Escola Itinerante está em risco!!
Em dezembro de 2006, numa reunião em São Gabriel, os fazendeiros, na entidade deles, a Farsul, decidiram que deviam acabar com a Escola Itinerante.
Depois, em dezembro de 2007, o Ministério Público Estadual, decidiu que iriam tirar as crianças de junto de suas mães e pais, que iriam tirar as crianças dos acampamentos. Podemos imaginar a mando de quem o Ministério Público decidiu isso.
Quando dizem que querem tirar as crianças dos acampamentos, o Ministério Público e o governo do estado dizem que estão preocupados com a segurança, com o conforto de nossos filhos e filhas. Mas, é mentira! Quem se preocupa com as crianças, procuraria deixar os filhos junto das mães e pais, não é mesmo? E não afastá-los de suas famílias.
Por isso, sabemos que a decisão de tirar as crianças dos acampamentos, é, na verdade, o que o agronegócio quer. Fechar a escola e tirar as crianças do acampamento, é a vontade das empresas transnacionais, como a Aracruz, a Votorantin, e outras, de acabar com a nossa luta por reforma agrária.
O agronegócio, que é o capital estrangeiro aliado com os latifundiários brasileiros, precisa acabar com a nossa luta, porque somos nós que defendemos nosso país do roubo que eles querem praticar. Eles querem chegar aqui, ficar dono das terras, da água, das florestas, das sementes, e somos nós, o povo organizado, que estamos impedindo isso.
Mas, como eles não podem simplesmente chegar acabar conosco, eles procuram os meios de ir nos destruindo devagarinho. E um dos meios é justamente acabar com a nossa Escola Itinerante.
Por isso, o governo do Estado, que está a serviço do agronegócio, não pagou nenhuma ajuda de custo aos educadores das escolas neste ano de 2008. Eles tentam ver se assim os educadores desistem de dar aulas em nossas escolas.
Por isso também que não mandam lonas, nem materiais, nem classes, e pouca merenda, para ver as crianças desistem da escola.
E, por vezes, infiltram pessoas nos acampamentos, para espalhar boatos de que a nossa escola não vale. Assim, tentam ver se os pais e mães desistem da escola.

TODOS E TODAS ORGANIZADOS E ORGANIZADAS!
VAMOS DEFENDER A ESCOLA ITINERANTE CONQUISTADA PELO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA!!


Fonte: MST Setembro de 2008 - www.mst.org.br