Entre os dias 26 a 29 de setembro de 2011 cerca de 300 representantes da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia), Associação Brasileira de Pós Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN), Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA), Rede Alerta contra o Deserto Verde (RADV), Marcha Mundial de Mulheres e Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), se reuniram em Salvador/BA para o Encontro Nacional de Diálogos e Convergências entre Agroecologia, Saúde e Justiça Ambiental, Soberania Alimentar, Economia Solidária e Feminismo.
Durante o Encontro foram realizadas várias atividades entre painéis, diálogos temáticos em grupos de trabalho e oficinas. O GT Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia, a Marcha Mundial das Mulheres, o GT Gênero do FBES e a Articulação das Mulheres Brasileiras organizaram a oficina “Participação e Auto-organização das Mulheres”. Esta oficina teve como objetivo trabalhar as convergências já existentes nas diferentes experiências de construção de alternativas pelas mulheres; dar visibilidade ao trabalho desenvolvido pelas mulheres na construção da agroecologia; dialogar sobre as dificuldades impostas a sua autonomia, incluindo as diferentes formas de violência que sofrem as mulheres; e refletir sobre as diferentes estratégias para fortalecimento da auto-organização das mulheres nos territórios e nos movimentos sociais.
Ao longo do encontro foram realizados diálogos temáticos em 6 grupos de trabalho: a) Reforma Agrária, Direitos Territoriais e Justiça Ambiental; b) Mudanças Climáticas: impactos, mecanismos de mercado e a Agroecologia como alternativa; c) Agroenergia: impactos da expansão dos monocultivos para agrocombustíveis e padrões alternativos de produção e uso de energia no mundo rural; d) Defesa da Saúde Ambiental e Alimentação Saudável e o Combate aos Agrotóxicos e Transgênicos; e) Direitos dos/as Agricultores/as, Povos e Comunidades Tradicionais ao Livre Uso da Biodiversidade; f) Soberania alimentar e Economia Solidária: produção, mercados, consumo e abastecimento alimentar.
O diálogo sobre os temas ocorreu a partir da apresentação de experiências concretas de resistência e enfrentamento aos impactos do modelo de desenvolvimento baseado no agronegócio, na produção de matéria-prima para exportação e nas grandes obras de infra-estrutura (hidrelétricas, mineração, estradas etc).
As organizações, redes e movimentos sociais presentes elaboraram uma Carta Política ao final do encontro, onde demarcam que este modelo de desenvolvimento ameaça a soberania alimentar, gera pobreza, destruição do meio ambiente e violência no campo. E reforça que os impactos deste modelo ocorrem de modo diferente sobre a vida das mulheres, através da exploração sexual, da exploração do trabalho e da violência contra as mulheres.
A Carta Política explicita a necessidade da apropriação do feminismo como ferramenta política para reconhecer e dar visibilidade às experiências, aos conhecimentos e às práticas das mulheres na construção da agroecologia, da economia solidária, da justiça ambiental e para garantir sua autonomia econômica.
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