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terça-feira, 30 de junho de 2009

5º Encontro de Comunicação da FENAJUFE


O Encontro Nacional de Comunicação dos servidores do Judiciário ocorreu no dia 04 de junho, no Hotel Tropical, no Bairro Ponta Negra, em Manaus, Estado do Amazonas. O tema central foi a preparação para a 1ª Conferência Nacional de Comunicação.
Vários ramos da sociedade civil estavam presentes, dando a dimensão do que precisa ser enfrentado nas Conferências municipais e nas estaduais, a fim de atingir melhor os objetivos na CONFECOM. Eles ressaltaram a participação na Comissão Nacional Pró-Conferência e o trabalho que vem desempenhando ao lado de outras organizações, como a Abraço [Associação Brasileira de Rádios Comunitárias], o FNDC [Fórum Nacional da Democratização de Comunicação], o CFP [Conselho Federal de Psicologia] e o Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação.

Após a abertura do encontro foi apresentado um clipe, produzido pela Fenajufe sobre o monopólio dos meios de comunicação no Brasil, a concentração nas mãos das grandes empresas e também de políticos nas várias regiões do país e a importância do envolvimento das entidades sindicais no processo da Conferência de Comunicação.
A CONFECOM e a importância do engajamento dos movimentos sociais e sindical nesta luta foi o tema do primeiro painel do dia, com as presenças da jornalista do MST, Maria Melo; do coordenador da Abraço, José Sóter; do integrante do Intervozes, Jonas Valente; do membro da Comissão Amazonense Pró-Conferência de Comunicação, Moisés Aragão; da representante do CFP, Roseli Goffman; e pela Fenajufe, Sheila Tinoco.
“É preciso acabar com o latifúndio da grande imprensa”Para a jornalista e integrante do Setorial de Comunicação do MST, Maria Mello, a atuação dos veículos de comunicação serve apenas para manter a estrutura do capitalismo no país. Para reforçar ainda mais a sua afirmação, ela citou a forma como os principais telejornais e veículos de mídia impressa abordam os atos e manifestações dos movimentos sociais, especialmente as ocupações do MST. “A criminalização feita hoje pela mídia contra as organizações sociais e sindicais dificulta qualquer perspectiva de luta, por isso o MST defende que a gente construa os nossos próprios meios”, afirmou.

No tema da CONFECOM, ela criticou o corte feito pelo governo ao orçamento destinado à realização do evento, que passou dos 8,2 milhões para 1,6 milhão. Também falou da composição da Comissão Nacional Organizadora, instituída pelo Ministério das Comunicações, que favorece mais aos empresários do que aos movimentos sociais. Por fim, Maria Mello citou alguns desafios apontados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra que precisam estar na pauta das organizações envolvidas no processo da Conferência, como: consolidar uma proposta de comunicação popular; investir na formação e levar o debate sobre a comunicação às diversas comunidades do país; e trazer o acúmulo da esquerda e do movimento sindical para a luta contra hegemônica. “Assim como o latifúndio do agronegócio, precisamos acabar com o latifúndio da grande imprensa”, finalizou.
Roseli Goffman, do Conselho Federal de Psicologia, abordou o conteúdo da programação dos canais de TV e apontou como um dos principais desafios para a Conferência de Comunicação a garantia do controle social da mídia. “Crianças até 12 anos de idade não deveriam ser estimuladas ao consumo. Precisamos promover um maior controle da programação”, ressaltou.
Moisés Aragão, militante da Abraço do Amazonas e integrante da Comissão Amazonense Pró-Conferência de Comunicação falou da realidade em que vive a população da região Norte e das dificuldades de acesso aos diversos meios de comunicação. Segundo ele, a Conferência de Comunicação precisa refletir sobre essas limitações e discutir alternativas para superar esse modelo de exclusão. “Alguns municípios só têm a transmissão de um canal de TV e vivem num total isolamento. Precisamos nos organizar para acabar com o fim do monopólio dos meios de comunicação e a Conferência é apenas um primeiro passo para isso. Esse é um desafio de todos os movimentos sociais”, argumentou. Moisés expôs uma realidade crua do Estado, destacando que toda a área do Amazonas está dividido em apenas 62 municípios, extremamente distantes da capital e cujas dimensões colocam em xeque a organização social conforme a concebemos nas demais regiões. Frisou que a situação geográfica, vasta bacia hídrica e presença de densa floresta, acaba por favorecer o isolamento das cidades. Reforçou que o acesso a diversas comunidades só é possível de barco ou de avião e que os valores não oferecem possibilidade de serem adquiridos pelas organizações do movimento social para que venham a realizar reuniões periódicas, por exemplo. Além disso, reforçou que a estrutura de poder existente reafirma nesses municípios a hegemonia dos políticos e de famílias possuidoras dos canais de comunicação, quase inviabilizando o enfrentamento direto, isto é, pela fragilização de quem se atreve a criticar o "status quo". Moysés destacou a importância do Encontro se realizar na capital amazonense e convidou a todos(as) os presentes a conhecerem melhor o Brasil que existe na Amazônia, desde a biodiversidade e as belezas naturais até a realidade das mortes nos conflitos pela posse de terras e os crimes de grilagem de terras.

A Conferência de Comunicação só interessa à classe trabalhadoraO último palestrante do painel, o militante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação, Jonas Valente, fez um histórico sobre a luta dos movimentos sociais para que o governo federal convocasse a Conferência Nacional de Comunicação. Jonas lembrou dos primeiros encontros que apontaram as estratégias de atuação do movimento e dos embates com o ministro das Comunicações, Hélio Costa. Ele ressaltou, ainda, a atuação da Fenajufe nesse processo que, ao lado de várias outras organizações, vem cumprindo o papel de mobilizar os diversos setores para o debate sobre a democratização da comunicação. “Eu não tenho dúvida e vou continuar afirmando que foi a pressão dos movimentos sociais que garantiu a convocação da Conferência. Mas precisamos garantir a participação dos setores populares nas etapas estaduais e, principalmente, na etapa nacional, para podermos fazer o embate com os setores do empresariado”, explicou Jonas.
Por fim, ele falou do papel da classe trabalhadora nessa batalha, que precisa se organizar para ter um programa claro de comunicação que atenda aos interesses da classe. E, nesse sentido, de acordo com ele, as entidades envolvidas têm como grande desafio conseguir que os diversos setores populares se apropriem do debate sobre dos temas que estarão pautados na Conferência.
A jornalista Claudia Santiago, do Núcleo Piratininga de Comunicação - NPC, do Rio de Janeiro, encerrou o encontro, fazendo a análise de materiais produzidos pelas entidades e provocando os presentes a realizarem uma grande reflexão em torno da comunicação que efetivamente temos com nossas categorias. Claudia provocou a todos(as) a levarem para seus Estados a realidade com a qual nos deparamos ali, especialmente o paradoxo da falta de água para o manauara, a despeito de possuirem o maior manancial de água do mundo. Expôs a necessidade de que se pautasse nas produções gráficas a discussão acerca de assuntos que digam respeito a outros setores e a outras lutas, aproximando as categorias e estimulando a solidariedade de classe entre os(as) trabalhadores(as).

Fotos: Cristina Lemos
Fonte: Com informações da Fenajufe

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