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terça-feira, 14 de maio de 2013

Ustra nega mortes no DOI-Codi e diz que cumpria ordens do comando do Exército


Publicado Jornal Grande Bahia.com.br/Wilson Dias ABr

Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, coronel afirma que 'terroristas foram mortos em combate'



O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra disse hoje (10), em depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV), que no período em que ele comandou o DOI-Codi de São Paulo, entre 1970 e 1974, não houve nem mortes nem estupros de presos políticos em suas dependências. Ele disse que sua atuação nos órgãos de repressão reproduzia ordens do comando do Exército eu "os terroristas foram mortos em combate".
O DOI-Codi foi um dos principais centros de repressão da ditadura (1964-1985), sobretudo nos anos em que Ustra esteve no comando. Entre os que foram torturados por Ulstra nesse período está o vereador paulistano Gilberto Natalini (PV), que também depôs hoje, antes do coronel.
“Dos mortos, dois suicidaram-se no DOI, não no meu comando. No meu comando, ninguém foi morto lá dentro do DOI. Todos foram mortos em combate”, afirmou. O depoimento foi tenso e Ustra exaltou-se várias vezes.
Questionado por José Carlos Dias, membro da CNV, se ele permitia a tortura aos presos políticos, Ustra se calou. “Não vou responder, tá no livro”, respondeu, referindo-se à obra A Verdade Sufocada, publicada pelo coronel em 2006 com sua versão dos fatos.
Cláudio Fonteles, também membro da CNV, apresentou um documento sigiloso do  2º Exército que fazia relatórios mensais sobre informações sigilosas dos aparatos repressivos. O relatório de estatística do DOI-Codi de São Paulo de outubro de 1973 mostra que até aquele mês 1.713 pessoas tinham sido presas e levadas para suas dependências. Destas, 45 haviam sido mortas. Em dezembro do mesmo ano, o total de mortos subira para 47.
De 1970 até 1975, os documentos encontrados no Arquivo Nacional mostram que 50 pessoas morreram nas dependências do DOI-Codi. “No período que o senhor comandava o DOI pessoas que lá estavam presas sem o direito a nada foram mortas”, disse Fonteles.
Ustra retrucou, nervoso, e questionou Fonteles se estava lá para ser acusado. “O que o senhor disse - que eles foram mortos dentro do DOI - não é verdade. Eles foram mortos pelo DOI em combate, na rua. Dentro do DOI, nenhum”, afirmou e em voz alta.
O coronel referiu-se também à imprensa, que seria "tendenciosa" por não publicar ou divulgar os nomes de "todas as pessoas que os terroristas mataram”. Ele reafirmou várias que "cumpria ordens" de “combate ao terrorismo” vindas do comando do Exército. “Nós éramos um órgão de combate. Apareceram três mortos depois, apareceram. O senhor não quer acreditar. O senhor acha que eram santinhos que foram executados lá dentro, que não havia terrorismo naquela época”, retrucou o coronel.

Escrito por: Júlia Rabahie, da RBA


Fonte: CUT

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