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domingo, 22 de julho de 2007

Desertos Verdes tomam o Espírito Santo e ameaçam indígenas

A transnacional Aracruz Celulose, aproveitando- se de seu poderio econômico, tem abusado desse instrumento na tentativa de desmobilizar aqueles que “ousam” se contrapor a sua lógica perversa de desenvolvimento. No Espírito Santo, a empresa tem realizado, por meio da Justiça, uma perseguição política aos militantes da causa indígena, que defendem a demarcação imediata de cerca de 11 mil hectares de terra indígenas sob posse da transnacional. Os alvos dessa vez são o pastor Emil Schubert, o sindicalista Luiz Alberto (Betão), a professora Elza e a radialista Lígia Sancio. Eles estão sendo interpelados por um processo judicial, classificado de Interdito Proibitório, que impõe aos mesmos o pagamento de uma indenização à empresa por danos morais e físicos, caso não sejam cessadas suas manifestações políticas. “Estão tentando nos impedir, por meio de uma medida judicial, de expressar nossa posição política quanto às práticas irresponsáveis desta empresa”, diz a radialista Lígia, da Rede Alerta Contra o Deserto Verde. Segundo conta, ela foi procurada na última segunda-feira, dia 16, por um oficial de Justiça, que lhe entregou uma Precatória da Aracruz. A ação se refere a outubro de 2005, quando os índios Tupinikim e Guarani – depois de esgotarem todos os mecanismos “burocráticos” de reivindicação dos 11.009 hectares que lhe são de direito – ocuparam a fábrica da Aracruz Celulose.
Em julho de 2005, no Espírito Santo, Cristina visitou a reserva indígena Tupinikim, "Olho D'água", no município de Santa Cruz, histórica conquista dos indígenas da região, mantida com respeito aos costumes daquele povo e acompanhou de perto o esforço para manter e ensinar as tradições aos mais jovens da tribo.
Naquele momento, foi possível presenciar o cercamento das regiões cincunvizinhas à reserva indígena, por parte da empresa Aracruz, impondo o plantio de eucaliptos por centenas de quilômetros. Testemunhou a iniciativa daqueles povos de plantio de espécies nativas e de recuperação da fauna e da flora local. Havia esperança e tensão no ar. A organização dos chefes das tribos espelhava que a justiça brasileira não iria se contrapor ao interesse econômico representado nessa transnacional.
Os sindicatos de trabalhadores e os movimentos sociais da região uniram-se para respaldar os povos indígenas e garantir o cumprimento da lei. A terra que lhes pertencia foi cercada e loteada por aquela empresa, em desrespeito aos anos de ocupação daqueles povos.
A ação truculenta tanto por parte da empresa, quanto por parte do Estado brasileiro, pode ser medida pelo episódio de janeiro de 2006, quando a Polícia Federal, de forma violenta, destruiu duas aldeias e feriu 13 índios numa desocupação. A ação foi condenada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e por diversos organismos internacionais. Na ação da Justiça constam nomes de pessoas, que na ocupação, estiveram presentes para dar apoio político aos indígenas. Elas são da Rede Alerta Contra o Deserto Verde, movimento que denuncia ações da transnacional contra os indígenas, e, a expansão indiscriminada do plantio de eucaliptos nos estados do Espírito Santo e Rio Grande do Sul.

Fonte: www.mst.org.br