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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Ato público dos Servidores Públicos Estaduais denunciam negócio ilícito na compra da casa da governadora


O dia 16 de julho amanheceu diferente no Bairro Três Figueiras, onde se localiza a Casa da governadora Yeda Crusiss, do PSDB. Havendo suspeitas sobre a compra do imóvel ter sido adquirido com verba de Caixa 2 da Campanha Eleitoral de Yeda, os servidores públicos estaduais, organizados no fórum - FSPE, reuniram-se defronte à casa para denunciar diversos fatos à população gaúcha. De forma incoerente, a governadora reside em uma mansão - avaliada em mais de um milhão de reais - enquanto os alunos da rede pública são obrigados a assistirem às suas aulas dentro de containers, nas "Escolas de Lata". Lado a lado diante dos portões, os servidores públicos foram recebidos de forma bastante raivosa pela governadora, que se dirigiu ao jardim e passou a debochar dos manifestantes, com gestos e gritos. Em seguida, impedida de poder frear os gritos de "impeachment já" e sem ter até hoje explicado as maiores fraudes e a corrupção que se instalou no seu governo, Yeda retornou portando cartazes com os dizeres: "Vocês não são professores, torturam crianças. Abram alas que minhas crianças querem sair." (foto)

Partiu da governadora e da filha a decisão de expor os netos, trazendo-os até as grades da mansão. Em seguida, a bordo de um automóvel, as crianças seguiram para a escola - com a certeza de que não teriam suas aulas em salas de lata, como a que viam diante da casa -, e passaram no meio da população indignada.
A partir desse momento, já tendo chegado ao local algumas emissoras de televisão ligadas às redes nacionais, o que se viu foi uma deliberada demonstração de força e de autoritarismo. A governadora Yeda acionou as forças pertencentes ao Estado para uma dura repressão aos manifestantes.
A tropa de choque da Brigada Militar se alinhou e passou a cumprir as ordens da governadora. Não se fazia presente a força militar para proteger ou zelar pelo bem-estar da população presente, mas, numa inversão dos valores democráticos vigentes desde a Constituição de 1988, a Brigada Militar agia no intuito de intimidar, de agredir e de reprimir toda e qualquer forma de manifestação dos presentes que gritavam: "Fora, Yeda!".
De forma bastante desigual, estavam, de um lado, policiais treinados, escudos, capacetes, cassetetes, coletes à prova de balas e munição e, de outro, trabalhadores e trabalhadoras da área da justiça, da educação, da saúde, dos transportes, da cultura, da informática e do processamento de dados, cuja única "arma" eram suas organizações sindicais, faixas, cartazes e um microfone.
O ataque da BM não poupou sequer o emblemático container de lata, que restou ompletamente amassado e distorcido.
Empurrados e pressionados pelos escudos, os manifestantes passaram a deixar o local.
Quando as centenas de pessoas retornavam às ruas abaixo, em que estavam estacionados os ônibus, a tropa de choque realizou dois movimentos ordenados de cerco e de agressão. Com o objetivo de efetuar a prisão das lideranças, os brigadianos empurraram e derrubaram alguns e pisotearam e agrediram outros, até conseguirem seu intento. Por fim, de forma abusiva, prenderam, primeiro a Vice-Presidente do CPERS - sindicato, que foi algemada e colocada no carro da polícia. Alguns repórteres foram até ela, que, pela janela do carro, declarou estar algemada e que, além de não lhe ter sido dito qual era a causa da prisão, tiraram-lhe a possibilidade de comunicação, retirando-lhe o celular e, da educadora não se pôde ter mais imagens, pois os policiais também empurraram as câmeras. Ato contínuo e atendendo a ordens específicas, os policiais investiram na direção da Presidente do CPERS, Rejane Oliveira, derrubaram a professora e a arrastaram - algemada - para tentar sua intimidação através de mais uma prisão arbitrária.
Na tentativa de realizar algum tipo de entrevista e de registrar algumas imagens, repórteres tentaram se aproximar das dirigentes sindicais Rejane e Neida, que foram conduzidas sob custódia policial até o Palácio da Polícia. Também foi presa uma Vereadora do PSOL e foram ameaçados outros manifestantes, horrorizados com a atuação dos soldados.

A atitude desequilibrada da governadora do RS e sua reação colérica às denúncias de corrupção, o Rio Grande já conhecia até aquela manhã. Todavia, sua escolha de se expor naquela postura raivosa e autoritária tornou Yeda conhecida em todo o país, nas páginas de notícias da rede mundial de computadores, que passaram a estampar ao Brasil e ao mundo de que forma se dá, na prática, seu "novo jeito de governar", com repressão e com abuso de poder.

Grande mobilização na Praça da Matriz

Do meio da manhã em diante, a Praça da Matriz ficou repleta. A concentração de manifestantes que, mesmo abaixo de chuva, não se calaram diante de tantas denúncias de corrupção, de uso de "caixa 2", de formação de quadrilha, de fraude em licitações, de uso de dinheiro público para aquisição ilícita de mansão e desvio do erário. O Ato Público reuniu lideranças de diversos segmentos dos movimentos sociais que juntos pediram o impeachment de Yeda.

Impedidos de expressar sua indignação defronte ao Palácio Piratini - onde havia uma barreira da Brigada Militar (ver foto) - o Ato Público com balões pretos e mais de mil manifestantes permaneceram em vigília até que as líderes sindicais fossem libertas de sua prisão arbitrária e abusiva. Ficaram por várias horas a Presidente e a Vice-Presidente do CPERS, e a organização sindical lhes garantiu o neessário apoio jurídico. Registrou-se também a presença de parlamentares gaúchos para garantir suas integridades físicas e morais, sobretudo para impedir que fossem cometidas ainda mais arbitrariedades. Rejane e Neida obtiveram sua devida liberdade e vieram dar o seu testemunho junto aos ativistas. Em meio às palavras de ordem "Ai, ai, ai, ai - empurra a Yeda que ela cai", "Yeda, FORA", "Impeachment, JÁ!" e muita irresignação, estavam presentes a CUT e as Centrais Sindicais de esquerda, Conlutas, CTB e Intersindical, com a representação dos seus sindicatos filiados, a Marcha Mundial das Mulheres, Sindicato dos Bancários, SINDISEPE, Sindppd-RS, SEMAPI, Sindicato dos Metalúrgicos, Sintrajufe, SINTECT-RS (dos Correios), além de diversos núcleos do CPERS e outros movimentos sociais.

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