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segunda-feira, 18 de março de 2013

Resgatando no Blog o I Encontro de Saúde do Sintrajufe/RS, em novembro/2012

O painel “As transformações do mundo do trabalho” ocorreu na parte da manhã do dia 23, no I Encontro de Saúde dos Trabalhadores do Judiciário Federal do RS, promovido pelo sindicato. Com mediação da diretora Silvana Klein, contou com a participação da professora do Departamento de Psicologia da UFPR e doutora em Medicina Preventiva Lis Andréa Sobol e do professor da Ufrgs e doutor em Economia Aplicada Cássio Calvete.

Lis disse que o sistema de produção capitalista atual não está só no trabalho, mas na vida das pessoas. “A aceleração performátcia está na vida hoje. As pessoas fazem mais rápido o que têm de fazer e o fazem porque têm mais coisas a fazer no mesmo tempo que tinham antes”, explica.

Outra característica do mundo do trabalho é a polivalência, o fazer várias coisas, a descartabilidade do outro. A ênfase, afirma a pesquisadora, está nos resultados de curto prazo. A quantofrenia também foi elencada por Lis Sobol; seria, de maneira simplificada, o sentido de que tudo precisa ser medido. Encaixa-se aí a superação de metas e o estabelecimento, sempre, de novas metas.

O aspecto saúde, nesse sistema, só é pensado quando prejudica o trabalho (adoecimento do trabalhador) ou do ponto de visto estético.


Painel tarde - Foto: Cristina Lemos
Essas novas relações de trabalho, mais individualizadas e com cobranças de produção, alicerçadas na tecnologia, geraram novas patologias: sobrecarga, solidão (“descompensamento”), violência (assédio moral), LER/Dort. O assédio moral é também uma estratégia de gestão, de acordo com Lis Sobol, “é uma forma de controle do trabalhador”. E é uma estratégia que se generaliza, banaliza e gera ainda mais individualização.

Para romper com esse quadro, diz a pesquisadora, o trabalhador precisa amar a si próprio e respeitar seus limites pessoais. Na opinião dela, essa lógica de individualização precisa ser rompida. “São os vínculos no trabalho que capacitam para o enfrentamento da visão que coloca o outro como competidor”, explica.

As lutas por redução de jornada e aumento de salário se confundem na história, aponta Cássio Calvete. Ele lembra duas datas importantes, o Dia do Trabalhador e o Dia Internacional da Mulher, que são geradas por essas lutas. Cerca de um século depois, esses temas estão na pauta. No Brasil, a redução da jornada foi retomada em 2001, 2003, como forma de reduzir o desemprego, o tempo e a intensidade de trabalho.

Para Calvete, a jornada extensa aumenta as doenças ocupacionais. Além disso, a sua distribuição em bancos de horas, trabalhos nos finais de semana, terceirizações, trabalho em casa são formas de explorar o trabalhador.

O pesquisador acredita que seja possível reduzir a jornada de trabalho no Brasil sem que isso signifique redução de salários. Na opinião dele, é preciso uma mudança de valores, usar a teconologia a favor, e não para aumentar a intensidade e a duração do trabalho, pois com a internet e o celular o trabalhador está à disposição em qualquer lugar, a qualquer hora.



Por Rosane Vargas, Sintrajufe/RS

Fonte: Sintrajufe www.sintrajufe.org.br


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