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domingo, 14 de outubro de 2007

CPERS utiliza correntes para chamar a atenção dos gaúchos


A comunidade gaúcha vem recebendo os alertas da classe dos trabalhadores e das trabalhadoras em educação desde longa data. A qualidade do ensino público no Brasil e no Estado dependem da forma como encaramos esse problema que se agrava a cada dia. As notícias que nos chegam dão conta de que a situação dos professores e das professoras no estado está insustentável. Desde o início do governo Yeda/Feijó não tem havido diálogo entre o poder público e os educadores. Apesar dos esforços do CPERS e das pressões de pais e de alunos em todo o RS, a Secretaria de Educação não tem recebido a classe dos educadores e não tem mostrado disposição de atender à pauta de reivindicações ue se acumula com perdas desde o governo desastroso de Germano Rigotto. Em 19 de março desse ano, a diretora da Escola Estadual Marina Martins de Souza, de Porto Alegre, Maria Cândida Aquino, foi agredida por uma mãe de aluno, que cobrava professor para o filho, da 2ª série, que durante todo o mês de março não teve aula. A Brigada Militar foi acionada, mas só chegou à Escola após a ter se consumado e a mãe já ter ido embora. A diretora registrou ocorrência. A mãe ameaçava demolir a escola com “gangues”.
Em abril, os educadores acamparam na sede da Secretaria de Educação e lá passaram toda a noite em vigília, desde o dia 30, a fim de serem recebidos pela SEC em audiência e iniciar a negociação acerca das necessidades do setor. Os educadores somente deixariam o local quando o governo do Estado apresentasse soluções concretas para os problemas da educação pública no Rio Grande do Sul, que se acentuaram com o início do ano letivo, em 1º de março.
Na madrugada do dia 11/10, para denunciar aos riograndenses o quadro de estagnação e de políticas equivocadas aplicadas ao setor, o CPERS-Sindicato prenderam-se com correntes às portas do Palácio Piratini. Acorrentados antes do alvorecer, os educadores e as educadoras gaúchas trazem à tona, mais uma vez, a preocupação de todos com o descaso e o desrespeito que o “novo jeito de governar” vem conduzindo a política de construção do ensino público de qualidade. Aliados às mais diversas categorias de trabalhadores organizados: metalúrgicos, enfermeiros, serventuários da justiça e servidores da justiça federal, trabalhadores dos Correios, da Saúde e da administração, entre outros, os educadores arrancaram espaço na mídia para sensibilizar os gaúchos quanto ao desmonte do Estado e da educação.A presença de parlamentares em apoio à ação foi essencial para deter a Polícia Militar, que ameaçou usar a força para retirar os manifestantes da porta do Palácio, em torno das 6:30h da manhã. Ainda com a intermediação dos parlamentares, obteve-se uma reunião com o secretário-chefe da Casa Civil, Luiz Fernando Záchia, que se comprometeu a designar, até a próxima segunda-feira, um interlocutor do governo para negociar as reivindicações do CPERS/Sindicato. A manifestação foi encerrada com uma assembléia popular que aprovou manifesto com reivindicações da comunidade escolar. Os estudantes retiraram as correntes, simbolizando a unidade da comunidade escolar na luta contra o desmonte do estado e da educação. Veja, a seguir, o manifesto aprovado.

MANIFESTO DA COMUNIDADE ESCOLAR GAÚCHA EM DEFESA DO ENSINO PÚBLICO
Nós, trabalhadores em educação, pais e estudantes da rede estadual de ensino, reunidos em Assembléia Popular, manifestamos nosso repúdio à política de educação do governo do Estado. Desde o início do ano letivo, a comunidade escolar gaúcha vem demonstrando seu descontentamento com esta política de sucateamento da escola pública aplicada por Yeda e Mariza Abreu.
O quadro hoje instaurado na educação do Rio Grande do Sul é do mais absoluto caos. Aliás, promovido pelo próprio governo, com o objetivo de municipalizar e privatizar o ensino. Isto tudo está consubstanciado pelo corte de 30% da verba da autonomia financeira das escolas, pela suspensão de obras e licitações, pela falta de professores e de funcionários, pelo fechamento de bibliotecas e de laboratórios de informática e de ciências, pela suspensão dos serviços de orientação educacional e de supervisão pedagógica, pela enturmação e multisseriação e pelos salários aviltantes pagos aos trabalhadores em educação.
Para piorar este quadro, o governo gaúcho apresenta à sociedade o Sistema de Avaliação da Educação no Rio Grande do Sul, o Saers. Com este sistema, será alargado ainda mais o fosso da exclusão, com as escolas mais carentes sendo abandonadas a partir de um falso discurso de busca da excelência.
Diante de todos estes ataques e das novas medidas neoliberais do pacote anunciado pelo governo Yeda, que prevê aumento de impostos, congelamento de salários e novas privatizações, a comunidade escolar gaúcha torna público o seu repúdio ao conjunto das políticas que não enfrentam os reais problemas do Estado e ameaçam o direito dos trabalhadores a um serviço público de qualidade.
- EM DEFESA DA ESCOLA PÚBLICA, GRATUITA E DE QUALIDADE!
- NÃO À ENTURMAÇÃO E À MULTISSERIAÇÃO!
- NÃO AO PACOTE QUE AUMENTA IMPOSTOS E CONGELA OS SALÁRIOS DOS TRABALHADORES!
- PAGAMENTO INTEGRAL E AUMENTO DAS VERBAS DAS ESCOLAS!
- REALIZAÇÃO IMEDIATA DE CONCURSO PÚBLICO PARA PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS DE ESCOLA!
- NÃO À MUNICIPALIZAÇÃO E PRIVATIZAÇÃO DO ENSINO!
- ABAIXO O AUTORITARISMO E A PREPOTÊNCIA DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO! FORA MARIZA!
- EM DEFESA DA AUTONOMIA E DA DEMOCRACIA NO INTERIOR DAS ESCOLAS PÚBLICAS! NÃO AO SAERS E ÀS AVALIAÇÕES EXTERNAS!
- REAJUSTE SALARIAL JÁ!
- BASTA DE ATAQUES AOS DIREITOS DOS TRABALHADORES! EM DEFESA DO IPE E DA PREVIDÊNCIA PÚBLICA! ABAIXO A REFORMA DA PREVIDÊNCIA! NÃO AOS FUNDOS DE PREVIDÊNCIA!
Porto Alegre, 11 de outubro de 2007
Cristina Lemos com informações do www.cpers.org.br