Segue o texto do jornalista da CBN e meus comentários em negrito:
Brasileiro é um povo solidário. Mentira.
Brasileiro é babaca. Não protestar cada vez que o governo compra colchões para presidiários que queimaram os deles de propósito, não é coisa de gente solidária. É coisa de gente otária.
A prisão é uma instituição mantida pelo poder público. Ninguém se interessaria por manter uma empresa cujos funcionários corressem constante risco de morte e as condições de vida dos internos tenham de ser mantidas independente de qualquer crise. Sendo público, assim como a escola quando faltam professores ou hospitais quando faltam remédios, a responsabilidade da reposição dos colchões em caso de motim ou queima, como ele coloca, “é do brasileiro”, ou seja, do poder público, de todos nós.
Poderíamos analisar, ainda, a razão de os presidiários, de forma tão violenta, atearem fogo ao único objeto que lhe é oferecido para conforto no cárcere.
Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira.
Brasileiro é vagabundo por excelência. O brasileiro tenta se enganar, fingindo que os políticos que ocupam cargos públicos no país, surgiram de Marte e pousaram em seus cargos, quando na verdade, são oriundos do povo.
O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado receber 20 mil por mês, para trabalhar 3 dias e coçar o saco o resto da semana, também sente inveja e sabe - lá no fundo - que se estivesse no lugar dele faria o mesmo.
O brasileiro não só trabalha. Trabalha e estuda, diferente dos outros povos, da Europa e dos Estados Unidos (perceba os jovens dos filmes que só trabalham em meio-expediente e nas férias escolares). O brasileiro trabalha 8, 10, 12, 14 horas por dia e ainda sacode nos transportes coletivos espalhados ao redor das grandes cidades para ir e vir do trabalho.
Historicamente nesse país os políticos não são oriundos do povo. São membros da nobreza, amigos do rei, dos senhores de engenho, dos coronéis. Há menos de um século os brasileiros e as brasileiras possuem direito ao voto. Vivemos o período de governo militar e os políticos indicados desde aquela época seguem nos cargos, se reelegendo com a força do poder econômico da elite que os mantém no Congresso Nacional.
A partir da Constituição Federal de 1988 teve início a redemocratização das leis no país e, até então não se permitia o funcionamento de partidos políticos e a livre organização para que se oferecessem alternativas a essa forma arcaica e elitista de fazer política.
Brasileiro é um povo honesto. Mentira.
Já foi; hoje é uma qualidade em baixa. Se você oferecer 50 Euros a um policial europeu para ele não te autuar, provavelmente irá preso. Não por medo de ser pego, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas. O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa intimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça.
Aqui ele aborda cinco diferentes assuntos que não compõem a mesma análise: a polícia, a impunidade, a política, o escândalo da compra de votos no congresso e ainda se arvora a uma análise psicológica presumida.
A polícia na Europa provavelmente tenha formação diferente da força policial tupiniquim, acredite no sistema prisional e na forma de fazer justiça. Possivelmente não tenha jornais e revistas da mídia burguesa desmoralizando a instituição em ritmo constante e ferrenho como a brasileira.
A indignação com o recebimento de propinas não se mede pelos pensamentos que possamos imaginar que tenham, e, sim, pela forma como reage.
Os movimentos sociais, ou seja, o povo organizado, ergueram bandeiras de protesto e gritaram em todo o Brasil sua indignação com as denúncias de mensalão. Resta saber se o jornal para o qual ele escreve tem dado espaço para divulgação dos protestos de trabalhadores, de agricultores e de outros segmentos da sociedade organizada.
Quando se barra a informação na origem, fica mais fácil dizer que o brasileiro não reage.
90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira.
Já foi. Historicamente, as favelas se iniciaram nos morros cariocas quando os negros e mulatos retornando da Guerra do Paraguai ali se instalaram. Naquela época quem morava lá era gente honesta, que não tinha outra alternativa, e não concordava com o crime. Hoje a realidade é diferente. Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como 'aviãozinho' do tráfico para ganhar uma grana legal. Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora, porque podem matar 2 ou 3 mas não milhares de pessoas. Além disso, cooperariam com a polícia na identificação de criminosos, inibindo-os de montar suas bases de operação nas favelas.
Análise pseudo-histórica. As pessoas não moram na favela porque a vista para o mar é melhor. Ninguém gosta de toque de recolher e de apanhar da polícia e do bandido, em momentos alternados. Não há outra opção para moradia. O fato é que a estrutura oficial de segurança entrou em colapso no interior da favela e o poderio do traficante atingiu patamares muito maiores de abrangência. A mera desobediência leva à morte.
Pergunto: Qual foi a última vez que o autor entrou na favela, se é que já o fez, e qual o pai que se sente satisfeito em ver o filho ingressar em um campo cujo fim é a cadeia ou a morte? Aqueles que sentem alegria nisso já estão definitivamente tão alijados de alternativa que pensam em uma maneira rápida de alimentar a si e aos demais. Esses merecem educação e não deboche.
O Brasil é um pais democrático. Mentira.
Num país democrático a vontade da maioria é Lei. A maioria do povo acha que bandido bom é bandido morto, mas sucumbe a uma minoria barulhenta que se apressa em dizer que um bandido que foi morto numa troca de tiros, foi executado friamente.
Cada vez em que ficamos revoltados com uma bala perdida e com um tiro de agente policial sem perguntar, ocorre-nos essa reflexão: a quem interessa matar os bandidos? A quem interessa que haja cada vez menos pobres? Quem pensa assim?
A história da evolução da legislação penal no mundo nos demonstra que a mutilação, a tortura, as penas de morte e a repressão violenta aos delitos já foram práticas legalizadas até a idade moderna. Nunca essas práticas resultaram em baixa de incidência dos delitos, pelo contrário. Atingiam sempre a população pobre e que não podia se defender e que não conhecia alguém de dentro do poder que pudesse livrá-la da pena maior.
Num país onde todos tem direitos mas ninguém tem obrigações, não existem democracia e sim, anarquia. Num país em que a maioria sucumbe bovinamente ante uma minoria barulhenta, não existe democracia, mas um simulacro hipócrita. Se tirarmos o pano do politicamente correto veremos que vivemos numa sociedade feudal: um rei que detém o poder central (presidente e suas MPs), seguido de duques, condes, arquiduques e senhores feudais (ministros, senadores, deputados, prefeitos, vereadores). Todos sustentados pelo povo que paga tributos que tem como único fim, o pagamento dos privilégios do poder. E ainda somos obrigados a votar. Democracia isso? Pense nisso!
Todos os que defendem os direitos humanos e o respeito à integridade da pessoa têm o meu respeito. Ou vamos esquecer que temos vários amigos e amigas que já tiveram a infelicidade de ter um breve contato com a polícia (ou até com um segurança privado de um clube) e cuja violência desmedida nos fez refletir.
Amiga, aqui vemos exatamente o problema.
O autor parece não estar satisfeito com a democracia instalada no país. Parece ter saudades da ditadura e não se sente feliz com o direito de votar. Chama de anarquia a conquista de votar e ser votado, com liberdade de organização. A estrutura dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) que ele ataca é a mesma em todos os países presidencialistas/parlamentaristas e de democracia representativa, em que elegemos pessoas para exercerem os cargos por mandato. Inclusive na Europa, continente ao qual ele demonstra simpatia.
Brasileiro se acha malandro, muito esperto. Faz um 'gato' puxando a TV a cabo do vizinho e acha que está botando pra quebrar. No outro dia o caixa da padaria erra no troco e devolve 6 reais a mais, caramba, silenciosamente ele sai de lá com a felicidade de ter ganhado na loto... malandrões, esquecem que pagam a maior taxa de juros do planeta e o retorno é zero. Zero saúde, zero emprego, zero educação, mas e daí? Afinal somos penta campeões do mundo né? Grande coisa...
Esse trecho é bem interessante: o brasileiro não pode ter acesso à tv a cabo, é cara, não há investimento em colocação de redes de cabo na maior parte das periferias da cidade. Quando alguém consegue puxar um terminal para sua casa, é “gato”. Pura vociferação das emissoras que detêm o monopólio das tevês a cabo no Brasil, que, não por acaso, são responsáveis pelos meios de comunicação que contrataram o autor.
Nosso povo é tão explorado nas mercadorias que saem do produtor a um preço e chegam no consumidor a preços multiplicados que talvez se achem no direito de economizar alguns trocados, o que, sem dúvida, é discutível.
Imagino o motivo de ele ter colocado que somos “zero” saúde, educação, emprego. Talvez não tenha pisado recentemente em uma escola pública municipal, estadual ou em uma escola técnica mantida pelo estado. Talvez sua formação superior não tenha sido em universidade pública, ou não tenha acessado, via Internet, aos diversos projetos de pesquisa tecnológica de ponta, hoje em curso nas universidades federais do país. Talvez não tenha se utilizado de um hospital ou posto de saúde pública de periferia. Talvez nunca tenha sido visitado por um agente sanitário, pois reside em local urbanizado.
O Brasil é o país do futuro. Caramba, meu avô dizia isso em 1950. Muitas vezes cheguei a imaginar em como seria a indignação e revolta dos meus avós se ainda estivessem vivos. Dessa vergonha eles se safaram... Brasil, o país do futuro!? Hoje o futuro chegou e tivemos uma das piores taxas de crescimento do mundo.
Deus é brasileiro. Puxa, essa eu não vou nem comentar... Para finalizar tiro minha conclusão: O brasileiro merece! Como diz o ditado popular, é igual mulher de malandro, gosta de apanhar. Se você não é como o exemplo de brasileiro citado nesse e-mail, meus sentimentos amigo, continue fazendo sua parte, e que um dia pessoas de bem assumam o controle do país novamente. Aí sim, teremos todas as chances de ser a maior potência do planeta. Afinal aqui não tem terremoto, tsunami nem furacão. Temos petróleo, álcool, bio-diesel, e sem dúvida nenhuma o mais importante: Água doce!
Só falta boa vontade, será que é tão difícil assim?
Por fim, a conclusão que ele traz é ainda mais confusa. Será que ele não percebe o avanço que o povo brasileiro teve nas últimas décadas? Os movimentos sociais organizados derrubaram a ditadura, o brasileiro reconquistou a democracia e uma nova Constituição Federal, com representantes eleitos pelo voto. Muito se fez e se faz pelo mundo, em diversos âmbitos. A população, mesmo nadando contra a corrente contra a força exercida pela lógica perversa da acumulação do capital, busca a cada dia a conquista da felicidade.
Assumir o controle desse país é uma ação que só vai se dar quando nós pudermos entrar nesses jornais, nas emissoras de rádio e de tevê, que hoje são controlados pelos oligopólios da comunicação, para os quais o autor colabora bovinamente, para usar um termo dele.
Abração, Silvana.
Cris Lemos
Brasileiro é um povo solidário. Mentira.
Brasileiro é babaca. Não protestar cada vez que o governo compra colchões para presidiários que queimaram os deles de propósito, não é coisa de gente solidária. É coisa de gente otária.
A prisão é uma instituição mantida pelo poder público. Ninguém se interessaria por manter uma empresa cujos funcionários corressem constante risco de morte e as condições de vida dos internos tenham de ser mantidas independente de qualquer crise. Sendo público, assim como a escola quando faltam professores ou hospitais quando faltam remédios, a responsabilidade da reposição dos colchões em caso de motim ou queima, como ele coloca, “é do brasileiro”, ou seja, do poder público, de todos nós.
Poderíamos analisar, ainda, a razão de os presidiários, de forma tão violenta, atearem fogo ao único objeto que lhe é oferecido para conforto no cárcere.
Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira.
Brasileiro é vagabundo por excelência. O brasileiro tenta se enganar, fingindo que os políticos que ocupam cargos públicos no país, surgiram de Marte e pousaram em seus cargos, quando na verdade, são oriundos do povo.
O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado receber 20 mil por mês, para trabalhar 3 dias e coçar o saco o resto da semana, também sente inveja e sabe - lá no fundo - que se estivesse no lugar dele faria o mesmo.
O brasileiro não só trabalha. Trabalha e estuda, diferente dos outros povos, da Europa e dos Estados Unidos (perceba os jovens dos filmes que só trabalham em meio-expediente e nas férias escolares). O brasileiro trabalha 8, 10, 12, 14 horas por dia e ainda sacode nos transportes coletivos espalhados ao redor das grandes cidades para ir e vir do trabalho.
Historicamente nesse país os políticos não são oriundos do povo. São membros da nobreza, amigos do rei, dos senhores de engenho, dos coronéis. Há menos de um século os brasileiros e as brasileiras possuem direito ao voto. Vivemos o período de governo militar e os políticos indicados desde aquela época seguem nos cargos, se reelegendo com a força do poder econômico da elite que os mantém no Congresso Nacional.
A partir da Constituição Federal de 1988 teve início a redemocratização das leis no país e, até então não se permitia o funcionamento de partidos políticos e a livre organização para que se oferecessem alternativas a essa forma arcaica e elitista de fazer política.
Brasileiro é um povo honesto. Mentira.
Já foi; hoje é uma qualidade em baixa. Se você oferecer 50 Euros a um policial europeu para ele não te autuar, provavelmente irá preso. Não por medo de ser pego, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas. O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa intimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça.
Aqui ele aborda cinco diferentes assuntos que não compõem a mesma análise: a polícia, a impunidade, a política, o escândalo da compra de votos no congresso e ainda se arvora a uma análise psicológica presumida.
A polícia na Europa provavelmente tenha formação diferente da força policial tupiniquim, acredite no sistema prisional e na forma de fazer justiça. Possivelmente não tenha jornais e revistas da mídia burguesa desmoralizando a instituição em ritmo constante e ferrenho como a brasileira.
A indignação com o recebimento de propinas não se mede pelos pensamentos que possamos imaginar que tenham, e, sim, pela forma como reage.
Os movimentos sociais, ou seja, o povo organizado, ergueram bandeiras de protesto e gritaram em todo o Brasil sua indignação com as denúncias de mensalão. Resta saber se o jornal para o qual ele escreve tem dado espaço para divulgação dos protestos de trabalhadores, de agricultores e de outros segmentos da sociedade organizada.
Quando se barra a informação na origem, fica mais fácil dizer que o brasileiro não reage.
90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira.
Já foi. Historicamente, as favelas se iniciaram nos morros cariocas quando os negros e mulatos retornando da Guerra do Paraguai ali se instalaram. Naquela época quem morava lá era gente honesta, que não tinha outra alternativa, e não concordava com o crime. Hoje a realidade é diferente. Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como 'aviãozinho' do tráfico para ganhar uma grana legal. Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora, porque podem matar 2 ou 3 mas não milhares de pessoas. Além disso, cooperariam com a polícia na identificação de criminosos, inibindo-os de montar suas bases de operação nas favelas.
Análise pseudo-histórica. As pessoas não moram na favela porque a vista para o mar é melhor. Ninguém gosta de toque de recolher e de apanhar da polícia e do bandido, em momentos alternados. Não há outra opção para moradia. O fato é que a estrutura oficial de segurança entrou em colapso no interior da favela e o poderio do traficante atingiu patamares muito maiores de abrangência. A mera desobediência leva à morte.
Pergunto: Qual foi a última vez que o autor entrou na favela, se é que já o fez, e qual o pai que se sente satisfeito em ver o filho ingressar em um campo cujo fim é a cadeia ou a morte? Aqueles que sentem alegria nisso já estão definitivamente tão alijados de alternativa que pensam em uma maneira rápida de alimentar a si e aos demais. Esses merecem educação e não deboche.
O Brasil é um pais democrático. Mentira.
Num país democrático a vontade da maioria é Lei. A maioria do povo acha que bandido bom é bandido morto, mas sucumbe a uma minoria barulhenta que se apressa em dizer que um bandido que foi morto numa troca de tiros, foi executado friamente.
Cada vez em que ficamos revoltados com uma bala perdida e com um tiro de agente policial sem perguntar, ocorre-nos essa reflexão: a quem interessa matar os bandidos? A quem interessa que haja cada vez menos pobres? Quem pensa assim?
A história da evolução da legislação penal no mundo nos demonstra que a mutilação, a tortura, as penas de morte e a repressão violenta aos delitos já foram práticas legalizadas até a idade moderna. Nunca essas práticas resultaram em baixa de incidência dos delitos, pelo contrário. Atingiam sempre a população pobre e que não podia se defender e que não conhecia alguém de dentro do poder que pudesse livrá-la da pena maior.
Num país onde todos tem direitos mas ninguém tem obrigações, não existem democracia e sim, anarquia. Num país em que a maioria sucumbe bovinamente ante uma minoria barulhenta, não existe democracia, mas um simulacro hipócrita. Se tirarmos o pano do politicamente correto veremos que vivemos numa sociedade feudal: um rei que detém o poder central (presidente e suas MPs), seguido de duques, condes, arquiduques e senhores feudais (ministros, senadores, deputados, prefeitos, vereadores). Todos sustentados pelo povo que paga tributos que tem como único fim, o pagamento dos privilégios do poder. E ainda somos obrigados a votar. Democracia isso? Pense nisso!
Todos os que defendem os direitos humanos e o respeito à integridade da pessoa têm o meu respeito. Ou vamos esquecer que temos vários amigos e amigas que já tiveram a infelicidade de ter um breve contato com a polícia (ou até com um segurança privado de um clube) e cuja violência desmedida nos fez refletir.
Amiga, aqui vemos exatamente o problema.
O autor parece não estar satisfeito com a democracia instalada no país. Parece ter saudades da ditadura e não se sente feliz com o direito de votar. Chama de anarquia a conquista de votar e ser votado, com liberdade de organização. A estrutura dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) que ele ataca é a mesma em todos os países presidencialistas/parlamentaristas e de democracia representativa, em que elegemos pessoas para exercerem os cargos por mandato. Inclusive na Europa, continente ao qual ele demonstra simpatia.
Brasileiro se acha malandro, muito esperto. Faz um 'gato' puxando a TV a cabo do vizinho e acha que está botando pra quebrar. No outro dia o caixa da padaria erra no troco e devolve 6 reais a mais, caramba, silenciosamente ele sai de lá com a felicidade de ter ganhado na loto... malandrões, esquecem que pagam a maior taxa de juros do planeta e o retorno é zero. Zero saúde, zero emprego, zero educação, mas e daí? Afinal somos penta campeões do mundo né? Grande coisa...
Esse trecho é bem interessante: o brasileiro não pode ter acesso à tv a cabo, é cara, não há investimento em colocação de redes de cabo na maior parte das periferias da cidade. Quando alguém consegue puxar um terminal para sua casa, é “gato”. Pura vociferação das emissoras que detêm o monopólio das tevês a cabo no Brasil, que, não por acaso, são responsáveis pelos meios de comunicação que contrataram o autor.
Nosso povo é tão explorado nas mercadorias que saem do produtor a um preço e chegam no consumidor a preços multiplicados que talvez se achem no direito de economizar alguns trocados, o que, sem dúvida, é discutível.
Imagino o motivo de ele ter colocado que somos “zero” saúde, educação, emprego. Talvez não tenha pisado recentemente em uma escola pública municipal, estadual ou em uma escola técnica mantida pelo estado. Talvez sua formação superior não tenha sido em universidade pública, ou não tenha acessado, via Internet, aos diversos projetos de pesquisa tecnológica de ponta, hoje em curso nas universidades federais do país. Talvez não tenha se utilizado de um hospital ou posto de saúde pública de periferia. Talvez nunca tenha sido visitado por um agente sanitário, pois reside em local urbanizado.
O Brasil é o país do futuro. Caramba, meu avô dizia isso em 1950. Muitas vezes cheguei a imaginar em como seria a indignação e revolta dos meus avós se ainda estivessem vivos. Dessa vergonha eles se safaram... Brasil, o país do futuro!? Hoje o futuro chegou e tivemos uma das piores taxas de crescimento do mundo.
Deus é brasileiro. Puxa, essa eu não vou nem comentar... Para finalizar tiro minha conclusão: O brasileiro merece! Como diz o ditado popular, é igual mulher de malandro, gosta de apanhar. Se você não é como o exemplo de brasileiro citado nesse e-mail, meus sentimentos amigo, continue fazendo sua parte, e que um dia pessoas de bem assumam o controle do país novamente. Aí sim, teremos todas as chances de ser a maior potência do planeta. Afinal aqui não tem terremoto, tsunami nem furacão. Temos petróleo, álcool, bio-diesel, e sem dúvida nenhuma o mais importante: Água doce!
Só falta boa vontade, será que é tão difícil assim?
Por fim, a conclusão que ele traz é ainda mais confusa. Será que ele não percebe o avanço que o povo brasileiro teve nas últimas décadas? Os movimentos sociais organizados derrubaram a ditadura, o brasileiro reconquistou a democracia e uma nova Constituição Federal, com representantes eleitos pelo voto. Muito se fez e se faz pelo mundo, em diversos âmbitos. A população, mesmo nadando contra a corrente contra a força exercida pela lógica perversa da acumulação do capital, busca a cada dia a conquista da felicidade.
Assumir o controle desse país é uma ação que só vai se dar quando nós pudermos entrar nesses jornais, nas emissoras de rádio e de tevê, que hoje são controlados pelos oligopólios da comunicação, para os quais o autor colabora bovinamente, para usar um termo dele.
Abração, Silvana.
Cris Lemos